quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Bruno Tolentino, "Baixa os olhos à terra ..."
Baixa os olhos à terra que trocaste
pelo ouro de um rosto: veio o outono
que haveria de vir a cada haste
- alta, ereta, solar - perdeu o sono,
as pétalas pesadas de abandono
já mal sustêm a pose que imitaste;
baixa os olhos também e pede ao sono,
às pétalas do sono, que te baste
essa consolação de aparentar-te,
tu também, resignado, á flor solar
que baixa o rosto quando o dono parte.
Para não presumir do teu lugar
no reino iluminado, aprende a arte
do girassol e vai baixando o olhar.
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