quinta-feira, 21 de abril de 2011

Gerana Damulakis, "O Suicida"

                        I

Tem os olhos cansados de paisagens
e os ouvidos repletos de mil sons.
Bebeu toda a taça doce e selvagem
e o vinho tinto e rubro não o atordoou.

Talvez esteja bêbado de amor
talvez tenha, na alma, o peso esmagador
das páginas lidas,
das músicas ouvidas; ou
o remorso dos risos que não riu
e o descaso de quem já viveu.

                        II

Sente uma angústia
imensa que amargura
a vida, essa vida,
um dia bela e hoje

sente um horror covarde;
um gesto simples e
tudo
será a paz do Nada.

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