domingo, 3 de abril de 2011

Natureza Morta: Aldo Bonadei e Pedro Alexandrino


Dos temas clássicos na pintura, acho a Natureza Morta um dos mais interessantes, porque indica uma característica da verdadeira Arte: a Arte é criada pelo Artista.

Nenhuma beleza ou atrativo especiais existem individualmente em objetos banais do cotidiano como garrafas, frutas, legumes, pratos, talheres, copos etc ... , e no entanto esses meros utensílios dispostos e representados artisticamente elevam-se à Arte.

Isso demonstra e explica que Arte é uma alegoria criada pelo verdadeiro artista em cima de coisas, fatos e episódios corriqueiros, cujo potencial artístico em estado bruto não é percebido pela maioria das pessoas.

No caso da natureza morta, onde o pintor tem total domínio da coisa retratada, a Arte já começa na arrumação do ambiente, com a disposição de toalhas, talheres e taças, buscando o equilíbrio ideal entre eles, numa condição diferente e muito mais difícil do que pintar uma paisagem, onde o seu objeto, além de ser, basicamente, coisa dada, já tem o seu encanto próprio de Natureza Viva.

É claro que o pintor também precisa ser um bom artesão para copiar sombras, reflexos, contrastes, mas não basta ser um "copista" da realidade, porque acima da realidade há a sua interpretação da vida ou do momento, que vai determinar o "clima" no quadro.

Essa interpretação da vida é "a sua representação alegórica do real", que pode ser alegre, triste, eufórica, melancólica ... Mas que só existe como Arte quando há genialidade no pintor; quando ele é um artista e está tecnicamente habilitado para transpô-la no quadro.

Não fosse assim, as fotos abaixo com os objetos físicos realmente utilizados por Pedro Alexandrino e Aldo Bonadei nas suas Naturezas Mortas seriam Arte:

Objetos de Pedro Alexandrino:















Objetos de Aldo Bonadei:


















E não as suas Naturezas Mortas:

Aldo Bonadei:


Pedro Alexandrino:



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