Dos temas clássicos na pintura, acho a Natureza Morta um dos mais interessantes, porque indica uma característica da verdadeira Arte: a Arte é criada pelo Artista.
Nenhuma beleza ou atrativo especiais existem individualmente em objetos banais do cotidiano como garrafas, frutas, legumes, pratos, talheres, copos etc ... , e no entanto esses meros utensílios dispostos e representados artisticamente elevam-se à Arte.
Isso demonstra e explica que Arte é uma alegoria criada pelo verdadeiro artista em cima de coisas, fatos e episódios corriqueiros, cujo potencial artístico em estado bruto não é percebido pela maioria das pessoas.
No caso da natureza morta, onde o pintor tem total domínio da coisa retratada, a Arte já começa na arrumação do ambiente, com a disposição de toalhas, talheres e taças, buscando o equilíbrio ideal entre eles, numa condição diferente e muito mais difícil do que pintar uma paisagem, onde o seu objeto, além de ser, basicamente, coisa dada, já tem o seu encanto próprio de Natureza Viva.
É claro que o pintor também precisa ser um bom artesão para copiar sombras, reflexos, contrastes, mas não basta ser um "copista" da realidade, porque acima da realidade há a sua interpretação da vida ou do momento, que vai determinar o "clima" no quadro.
Essa interpretação da vida é "a sua representação alegórica do real", que pode ser alegre, triste, eufórica, melancólica ... Mas que só existe como Arte quando há genialidade no pintor; quando ele é um artista e está tecnicamente habilitado para transpô-la no quadro.
Não fosse assim, as fotos abaixo com os objetos físicos realmente utilizados por Pedro Alexandrino e Aldo Bonadei nas suas Naturezas Mortas seriam Arte:
Objetos de Pedro Alexandrino:
Objetos de Aldo Bonadei:
E não as suas Naturezas Mortas:
Aldo Bonadei:
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