sexta-feira, 8 de julho de 2011

Jorge de Lima, Poema XII do Canto VII - Audição de Orfeu, da INVENÇÃO DE ORFEU.

Com todo o amoroso ódio e a angústia mansa
há na face um desânimo latente;
qualquer coisa exaurida na distância
para dar à paixão outra vertente.

Entristeço-me ao ruído persistente
do tempo para trás como a memória,
permaneço ora ileso ora ilusório.
Que segredo tão árduo eu esse doente.

E entre temeridades e temores
dou às coisas irreais nova constância
sob o peso dos seres meus e vossos.

Pois de todos os grandes desatinos
que possuem densidades diferentes,
diante de muitos sou sózinho e ossos.

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