domingo, 7 de agosto de 2011

Jorge de Lima, "Poema XVIII, do Canto V, da Invenção de Orfeu".

Poema tão amargo que parece
ser apenas palavras despenhadas
sobre cactos e espinhos semeadas
onde uma liana turva se entretece.

Ó vagos olhos cuja luz parece
um segredo de trevo não amado.
Pelos climas da luz expira um fado
roto e ferido como extrema prece.

Quem morre aceso na tartárea chama ?
Que é que há pouco em cinza se carpia
e do passado vem agora, e clama ?

Que coisa é que anoitece nesse dia ?
Que poeta morimbundo a essa vil cama
tombou despedaçado de onde se ia ?

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