sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Antônio Carlos Secchin, "Soneto das luzes"
Uma palavra, outra palavra, e vai um verso,
eis doze sílabas dizendo coisa alguma.
Trabalho, teimo, limo, sofro e não impeço
que este quarteto seja inútil como a espuma.
Agora é hora de ter mais seriedade,
para essa rima não rumar até o inferno.
Convoco a musa, que me ri da imensidade,
mas não se cansa de acenar um não eterno.
Falar de amor, oh meu pastor, é o que eu queria,
porém os fados já perseguem o poeta,
deixando apenas a promessa da poesia,
matéria bruta não coube no terceto.
Se o deus flecheiro me lançasse a sua seta,
eu tinha a chave pra trancar este soneto.
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