domingo, 26 de outubro de 2014

Jorge Luis Borges, "A volta"


Ao fim dos anos de desterro
voltei à casa da minha infância
e ainda estranho seu ambiente.
Minhas mãos tocaram as árvores
como quem acaricia alguém que dorme
e repeti antigos caminhos
como se resgatasse um verso esquecido
e vi ao esparramar-se a tarde
a frágil lua nova
que se apoiou no abrigo soturno
da palmeira de altas folhas,
como ao seu ninho o pássaro.

Que caterva de céus
conterá entre seus muros o pátio,
quantos poentes heroicos
militarão nas profundezas da rua
e quantas luas novas quebradiças
derramarão no jardim sua ternura,
antes que a casa me reconheça
e de novo seja um hábito !

Tradução amadora minha.

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