quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Miguel Torga, "Perfil"


Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos são naturais
À minha condição,
Que quando, por exceção,
os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver,
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário