segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Henriqueta Lisboa, "Os lírios"
Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.
Quero saber como crescem
simples e belos – perfeitos! –
ao abandono dos campos.
Antes que o sol apareça,
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.
Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.
Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.
Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranquila.
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