quinta-feira, 1 de junho de 2017
Kirmen Uribe, "O estranho"
Não sei dizer quando começou, não sei.
Faz um mês que me dei conta, e
desde então sucedeu cada noite.
Tomei todas as precauções necessárias:
deixar o carro no lugar seguro de costume,
assegurar-me de ter fechado bem as portas. Em vão.
Ao dia seguinte o encontraria aberto.
No princípio decidi estacionar
por outros bairros. Em vão.
O encontrava aberto. Ao parecer,
alguém costumava dormir dentro.
E eu ia trabalhar com seu odor.
Logo pensei que se não fazia outra coisa que dormir,
não era tão grave. Ao fim e ao cabo,
não levava o carro. E mais,
me resultava agradável aquele perfume distante.
Me perguntava sobre sua origem,
pela cor da pele, seria negra ou da cor do mel?
Uma vez lhe deixei uma flor. Colheu-a.
No dia seguinte lhe deixei uma mensagem.
Em vão. Não voltou a aparecer.
Tradução de Angela Caon Pieruccini
Marcadores:
Angela Caon Pieruccini,
Espanha,
Kirmen Uribe,
País Basco,
Poesia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário