segunda-feira, 11 de setembro de 2017
João Cruz e Souza, "Acrobata da dor"
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço que, desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
De gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos e, convulsionado,
salta, gavroche, salta, clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta.
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas de aço.
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri, Coração, tristíssimo palhaço!
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