quarta-feira, 18 de abril de 2018
Ivan Junqueira, "Ladainha"
Pois agora que estais
sob essa tábuas frias
entre os vermes da terra
e os cravos da agonia:
agora que a lembrança
da carne se esfarinha
e o pó vos tinge as tíbias
no fundo do jazigo;
agora que dormis,
no jardim das delicias,
esse sono sem fim
que dormem os espíritos;
agora que jazeis
alheios ao suplício
em que se consumiu
vossa esquálida vida
- agora é que vos choro
junto à lápide estrita
da eterna desvalia.
Amém. Amém vos digo.
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