A Fernando Py
Na praia, um cavalo azul
imita o mar.
Com as crinas espumantes,
ondula sobre a areia.
Arremessa-se, furioso,
contra as dunas.
(Na sua garupa de alga,
El-Rei Dom Sebastião,
encantado, já cavalga
com a espada na mão.)
Veloz,
busca asas:
mito trespassado
de sonhos e sargaços.
O mar com suas líquidas patas
cavalga na praia.
Com os músculos retesados
de maré cheia,
investe,
resfolegante,
contra a areia.
Com as crinas de algas,
escoiceia
a manhã.
Encrespa-se todo,
buscando o cavalo:
mito ondulado de sal e tempo.
Ali,
os dois se enfrentam:
o cavalo-marinho
& o mar-eqüestre.
Indiferente,
o sol assiste
à peleja perene das criaturas.
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