quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Rainer Maria Rilke, "A pantera"
No Jardim des Plantes, Paris
Seu olhar, de tanto percorrer as grades,
está fatigado, já nada retém.
E como se existisse uma infinidade
de grades e mundo nenhum mais além.
O seu passo clássico e macio, dentro
do círculo menor, a cada volta urde
como que uma dança de força: no centro
delas, uma vontade maior se aturde.
Certas vezes, a cortina das pupilas
ergue-se em silêncio. - Uma imagem então
penetra, a calma dos membros tensos trilha -
e se apaga quando chega ao coração.
Tradução de José Paulo Paes.
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