sexta-feira, 26 de julho de 2013
Ruy Espinheira Filho, "Poema de novembro"
O difícil é aguentar até que a morte chegue.
Suportar, por exemplo, a memória do teu corpo
e aquela noite (era maio) sob
o branco incêndio da lua.
E tanto mais, tanto mais.
Uma vida não dá
para contar
uma vida.
E toda uma
às vezes
se consome
numa carícia entre lençóis.
O difícil é aguentar até que a morte
chegue.
A morte
que mata as mortes,
sepulta
para sempre
todos os mortos. Como
este cadáver de amor
que me perfuma.
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