segunda-feira, 19 de maio de 2014
Du Fu, "O rio sinuoso"
Todo dia, ao voltar da audiência imperial,
empenho minha roupa de primavera.
Vou para a margem do rio,
e só depois de bêbado
retorno à casa.
Dívidas de vinho,
deixo penduradas em qualquer cabide.
Nessa vida, chegar aos setenta,
é muito raro,
desde os tempos antigos.
As borboletas esvoaçam
sobre as flores.
e de tempos em tempos
uma de mim se aproxima.
As libélulas roçam a água
em seus leves voos.
Breve é o tempo
de estarmos juntos.
Melhor gozá-lo,
já que não obedece
aos nossos desejos.
Tradução de Sérgio Capparelli e Sun Yuqi
Du Fu foi um poeta chinês que nasceu no ano de 712 e morreu em 770.
É interessante notar o que Horácio, que viveu em Roma entre os anos 65 a.C e 8 a.C, na ode "Carpe Dien" afirmou o mesmo que Du Fu. No entanto, com certeza Du Fu não conhecia a obra de Horácio.
Não indagues, Leucónoe, ímpio é saber,
a duração da vida
que os deuses decidiram conceder-nos,
nem consultes os astros babilônicos:
melhor é suportar
tudo o que acontecer.
Quer Júpiter te dê muitos invernos,
quer seja o derradeiro
este que vem fazendo o mar Tirreno
cansar-se contra as rochas,
mostra-te sábia, clarifica os vinhos,
corta a longa esperança,
que é breve o nosso prazo de existência.
Enquanto conversamos,
foge o tempo invejoso.
Desfruta o dia de hoje, acreditando
o mínimo possível no amanhã.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos.
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