quarta-feira, 25 de março de 2015
Carlos Newton Júnior, "A leoa (Museu Britânico)"
A leoa, ferida, ruge e avança
enquanto a morte a ronda com três flechas
(mas não será a morte, posto que ela
a ignora e a morte não a alcança).
O seu olhar é fero e doido instante
que não esmoreceu e ainda aferra;
a pupila dilata-se no transe
do êxtase profundo que a encerra.
Quem fez brotar da pedra essa beleza?
Onde se oculta a sua força estranha?
Se atrás eu vejo as patas esmagadas,
as da frente sustentam-lhe as entranhas.
A espinha dorsal dessa leoa:
talvez ali esteja a chama ardente
da vida que se espalha e que escoa
pelos poros da pedra, pela boca,
pelo rugir da fera e os seus dentes.
Creio que este relevo Assírio, exposto no Museu Britânico tenha inspirado o autor.
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