sábado, 11 de julho de 2015
Paul Verlaine, "Bibliofilia"
O livro velho, tantas vezes lido!
Com furos e fissuras ficou feio
Por uso, mas de súbito está cheio
De vida, ao tato e à vista oferecido.
O livro, que até pouco era defunto,
Ressurge "sem surpresa para o sábio"
Que sabe, ó Transformista de alfarrábio,
O quanto de arte pões no teu assunto.
Jovem de novo, afoito para o afã:
O livro – feito antiga cortesã
Que alguma fada-mãe deixasse virgem;
E, como se escutássemos a voz
Dourada de uma excelsa musa, nós
Relemos, entretidos na vertigem.
Tradução de André Vallias
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