quarta-feira, 9 de março de 2016
Jorge Luis Borges, "Susana Soca"
Com lento amor mirava esses dispersos
Esplendores da tarde. É que aprazia
A ela se perder na melodia
Ou na existência singular dos versos.
Mas não o rubro elemental, os grises
Fiaram seu destino delicado
Feito pra discernir o exercitado
Na irresolução e nos matizes.
Não ousando pisar este perplexo
Labirinto, de fora ela mirava
As formas, o tumulto e toda a estrada
Como outra dama, essa mulher do espelho.
Deuses que moram para além do rogo
A abandonaram a esse tigre, o Fogo.
Susana Soca (1906 - 1959) foi uma poeta uruguaia que morreu num acidente de avião quando voltava para a Argentina.
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