sábado, 14 de maio de 2016
João Carlos Teixeira Gomes, "Portal de segredos"
Olhei a minha cara e vi a morte
nela estampada, sem bijuterias.
E disse para mim: "Terna consorte,
ó verduga amorável dos meus dias!"
Não julguei desprovida a minha sorte
no embalo de veludo das mãos frias
e senti que era doce o canto forte
com que ela me envolveu em melodias.
Ó estranha mulher, sempre ultrajada,
verde morte de rude olhar tristonho,
riso discreto em face escaveirada,
quanto mentem por ti humanos medos,
pois não passas, enfim, de um longo sonho,
ou o portal de mágicos segredos.
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