sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Hilda Hilst, "Extrema, toco-te o rosto..." XIIIº poema da série Amavisse


Extrema, toco-te o rosto. De ti me vem
À ponta dos meus dedos o ouro da volúpia
E o encantado glabro das avencas. De ti me vem
A noite tingida de matizes, flutuante
De mitos de água. Inaudita.
Extrema, toco-te a boca como quem precisa
Sustentar o fogo para a própria vida.
E úmido de cio, de inocência,
É à saudade de mim que me condenas.

Extrema, inomeada, toco-te a mim.
Antes, tão memória. E tão jovem agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário