quarta-feira, 22 de março de 2017
Miguel Torga
"Rogo"
Não, não rezes por mim.
Nenhum deus me perdoa a humanidade
Vim sem vontade
E vou desesperado
Mas assinei a vida que vivi
Doeu-me o que sofri
Fui sempre o senhorio do meu fado.
Por isso, quero a morte que mereço.
A morte natural,
Solitária e maldita
De quem não acredita
Em nenhuma oração
De salvação
De quem sabe que nunca ressuscita.
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