quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Ruy Espinheira Filho, "O poeta em sua varanda"
A Paulo Henriques Britto
Se ajeita na cadeira reclinável,
entre uma saudade e uma quimera,
sob outono que sabe a primavera
e agora o afaga com a mais amorável
tarde do mês. Aliás, todo ele amável,
este abril, ele pensa, já a quimera
enviando a pastar em outra era,
que à hora basta esta admirável
lembrança que o embala. E eis que seu ser
é como cristalina clarabóia
banhada pelo sol do amanhecer,
enquanto, a essa luz de ouro e joia,
serenamente ele começa a ler
uma carta de amor vinda de Troia.
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