Se tens fome de madrugada,
toma uma folha de papel em branco
e nela sorve em silêncio
com volúpia o nada
que te espanta e consome.
Se ali encontrares outra coisa
ao despertar do dia
(o pão ainda fresco do sonho,
a palavra que amadureceu de repente
ou os gomos abertos do sol),
chama-me depressa,
porque também tenho fome —
tenho essa mesma fome que não sacia.
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