Mulher, tirei o som dos acontecimentos,
água de bica em pedra, onda chegando à areia,
riso de gente em mar e pássaro nos ventos,
tábua rangendo à noite e grito em lua cheia.
Separei cada som de seus leves aumentos,
de uma porção de azul tirei apenas meia,
para trazer-te em mim, corpo de nascimentos,
a justeza dos sons pousando em cada veia.
Sou todo uma sonata e em tua pele escorro
fixando cada coisa em seu exato jarro
no ritmo natural de trem subindo o morro.
A prenda que eu trazia em cadência de carro
é fonte em mim, mulher, e se abre num só jorro
de acalanto, de amor, de leite, luz e barro.
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