Estar em meu país
e deduzir num golpe
de vista quem é o quê,
se gay ou se opus dei,
mais isto ainda é fácil,
algo exequível quer
nos parques, quer nos becos
de Osasco ou nos de Osaka.
Estar em meu país
é ser, desde o primário,
íntimo de alguém antes
de ser-lhe apresentado,
mas isto num país
mais incestuoso até
do que a menor das tribos
perdidas, ainda é fácil.
Estar em meu país
é de antemão poder
dizer quem faz o quê
e o que faria caso
pudesse, mas às vezes
parece (e constatá-lo
é fácil) que não há
ninguém fazendo nada.
Estar em meu país
é tanto intuir sem dúvida
quem é quem como ver
quem quer passar por quem,
embora, a rigor, isto
talvez se deva à idade
e, após alguma prática,
nem chegue a ser difícil.
Estar em meu país,
mais que saber por que
qualquer estranho pensa
saber tudo o que penso,
tem algo mais difícil
que o dom fácil de sempre
frustrá-lo e é simplesmente
estar em meu país.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Nelson Ascher, "Homecoming"
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