Com minhas próprias mãos abro esta porta
Que dá para o jardim do esquecimento
Onde vejo a cisterna e vejo a horta
De água e fruto inválidos. Movimento
De asas infinitas os ares corta
E fecha o meu aberto pensamento
No ponto essencial da linha torta
Que do ser é limite e acabamento.
Com minhas próprias mãos cultivo a terra
Da morte: a terra ex-terra, a finis terra,
E o adubo da Imemória manuseio.
O gesto de lançar uma semente
É como um gesto de adeus; só e ausente,
Neste jardim eu próprio me semeio.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Joaquim Cardozo, "Soneto do suicida"
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