domingo, 20 de janeiro de 2013
Miroslav Antic, "Marcha fúnebre dos clows"
Quando eu morrer,
tenho ao menos a certeza:
ninguém há de arrastar-se para cuspir-me na face.
Todos hão de tornar-se amigos de uma só vez
e buscarão ainda prestar-me uma homenagem qualquer.
Compreendo-vos perfeitamente:
as pessoas mortas não são malfeitores,
tampouco são nojentas,
ou assassinas.
A morte é absolvição.
A morte é a forma mais adequada de partir,
sem aperos de mão, sem promessas,
em paz.
A morte é a invalidez para os heróis
de crânios cortados,
e a insônia das cinzas
em que as almas pedem ventos de gramados.
Com a partida lucra-se bastante:
emplacam o nome e sobrenome das pessoas
pelos cantos
em papéis finos,
e todos leem o vosso nome,
leem,
como se de uma só voz tomássemos exposição de relevo,
concerto
ou pré-estreia de teatro.
Tradução de Aleksandar Jovanovic
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