segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Raul Bopp, "Negro"
Pesa em teu sangue a voz de ignoradas origens.
As florestas guardaram na sombra o segredo da tua história.
A tua primeira inscrição em baixo relevo foi chicoteada no lombo.
Um dia atiraram-te no bojo de um navio negreiro.
E durante noites longas vieste ouvindo o barulho do mar
Como um soluço dentro do portão soturno.
O mar era um irmão da tua raça.
Um dia de madrugada, uma nesga de praia e um porto.
Armazéns com depósitos de escravos
E o gemido dos teus irmãos amarrados numa coleira de ferro.
Principiou aí a tua história.
O resto, o Congo longínquo, as palmeiras e o mar
Ficou se queixando no bojo do urucungo*.
* urucungo - o mesmo que berimbau.
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