segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Antônio Carlos Secchin, "Cisne"
À memória de Cruz e Souza
A Iaponan Soares
Vagueia, ondula, indomado e belo,
um cisne insone em solitário canto.
Caminha à margem com a plumagem negra,
em meio a um bando de pombas atônitas.
Encontra um outro, de alvacentas plumas,
um ser sagrado no monte Parnaso,
e enquanto o branco vai vencendo a bruma
ele naufraga, bêbado de espaço.
Em vão indaga, o olhar emparedado
na vertigem da luz que o sol encerra:
"Se em torno tudo é treva, tudo é nada,
como sonhar azul em outra esfera?"
Negro cisne sangrando em frente a um poço.
Do alto, um Deus cruel cospe em seu rosto.
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