segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Yêda Schmaltz, "Planalto Central"
Se eu abrir esta janela,
não mais verei o mar salgado e as montanhas
e não verei as praias com suas conchas,
os veleiros, as brumas, tana espuma
e nem o encanto alegre das amendoeiras.
Se eu abrir esta janela,
verei mongubas e paineiras;
nenhuma pedra ou montanha: árvores baixas,
retorcidas, parecendo um sofrimento,
verei águas azuis e doces, sem balanços
e um sol, um sol de tudo, um sol de rei.
Se eu abrir esta janela agora,
enxugando com as costas da mão o suor da testa,
de certa forma, apertando os olhos, me verei:
é assim o mundo que eu entendo e gosto -
meu mar salgado é no rosto.
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