quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Octavio Paz, XIIº poema dos "Trabalhos do poeta"
Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada; depois de ter edificado minha casa no rochedo dum Não inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter cortado a língua e logo a devorar; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores; depois de ter esquecido meu nome e o nome dos meus amores; depois de me ter julgado e condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente, da primavera.
Tradução de Luís Pignatelli
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário