segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Raul Bopp, "Dona Chica"
A negra serviu o café.
- A sua escrava tem uns dentes bonitos, Dona Chica.
- Ah, o senhor acha ?
Ao sair
a negra demorou-se com um sorriso na porta da varanda.
Foi entoando uma cantiga casa a dentro:
Ai do céu caiu um galho
Bateu no chão. Desfolhou.
Dona Chica não disse nada.
Acendeu ódios no olhar.
Foi lá dentro. Pegou a negra.
Mandou metê-la no tronco.
- Iaiá Chica, não me mate!
- Ah! Desta vez tu me pagas.
Meteu um trapo na boca.
Depois
quebrou os dentes dela com um martelo.
- Agora
junte esses cacos numa salva de prata
e leve assim mesmo,
babando sangue,
pr'aquele moço que esta na sala, peste!
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