segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Alexei Bueno, "Esses herdarão"
O vento e as ervas que não sonhem nunca,
Que há anos se encontram, mas não se conhecem;
O vento e as ervas que jamais se esquecem
Pois nem se recordam do que o chão se junca*;
O vento e as ervas que há um milênio tecem
Em se enfrentando uma imutável voz
Sem nunca ouvi-la, e que dão medo aos pós
Com gestos vãos que nem lhes obedecem,
A eles pertence a glória e o reino eterno
Pois não são nada, e nada dói ao nada,
Nem vão longe as maldições do inferno.
Rindo entre os gritos,se enforcando ao chão
Como bufões cuja alma foi roubada...
O vento e as ervas permanecerão.
*Junca - (v.t.) - cobrir, espalhar ou se alastrar pelo chão.
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