Ali está meu pai, os olhos pequeninos,
não esqueço. E as pernas marcadas
pelos estilhaços das granadas, romãs
amargas. Sobrevivente de Monte Castelo.
Na fotografia, serão talvez uns trinta,
e parecem todos exatamente iguais,
tão mínimas as variações, tão larga a série.
A hierarquia é uma mentira, são todos
soldados, assim enganados, graves.
João Renato, obrigada pela adição... Eu já conhecia o seu blog. Tenho imenso carinho e respeito por quem insiste em colocar arte brasileira ilustrando postagens, não é uma tarefa fácil. Há pouca informação, há pouco conhecimento e pouco cuidado. É uma grande contribuição que você dá não só aos seus leitores mas a quem um dia se interesse pelo assunto e venha procurar por alguma informação sólida. Quando eu comecei na internet fiquei muito surpresa com o desconhecimento da "população culta" sobre os nossos pintores e artistas plásticos em geral que não "estavam na moda". Tornei esse conhecimento parte da minha bandeira e é gratificante ver em outros (como você) aquilo a que damos valor. Ainda tento hoje dar esse minúsculo empurrão no conhecimento geral, principalmente porque sou visitada por muitos pré-adolescentes. Quem sabe alguma coisa não vinga? Mas é sempre um prazer passar por aqui -- em geral chego aqui via imagens, quando procuro por algo específico brasileiro -- e dar de cara com um sólido aceno à cultura do país, não tem preço! Obrigada!
ResponderExcluirPois é, Ladyce,
ExcluirVocê tocou em dois pontos que eu considero essenciais:
Primeiro, o desconhecimento que a "população culta" tem dos nossos artistas plásticos, que é absolutamente impressionante.
E segundo, a questão dos "artistas da moda". E aí, eu falo também do total e absoluto desconhecimento de qualquer pintor que se afaste dos oficiais (Di Cavalcanti, Portinari, Volpi ...).
O Borges dizia algo como "um verso bom PERDE a sua escola", e eu transporto esse raciocínio para a pintura e digo: "Um quadro bom não precisa ser assinado por um pintor famoso".
Abraço,JR.