segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Alexei Bueno

 
"Eu fui um louco"

Eu fui um louco que viveu cem anos
Compondo um gigantesco manuscrito...
Madrugadas profundas de proscrito
Gastei sobre o papel dos meus enganos.

Memórias dos delírios mais insanos,
Razões petrificadas de algum grito,
Anotei, registrei, pus por escrito
Na chama congelada dos meus planos.

Quando enfim fui chegando junto à morte
Vi que tudo escrevera, e ri da sorte,
Que as páginas tocavam já nas sancas.

Foi aí que enxerguei, oh! dor distinta!
Que nunca na caneta houvera tinta,
E a morte entre um milhão de folhas brancas!

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