sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Gomes Leal, "A um corpo perfeito"


Nenhum corpo mais lácteo e sem defeito,
Mais róseo, escultural e feminino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Imóvel, nu, sobre o comprido leito! -

Nada te iguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, mata-la, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquele corpo sem rival, perfeito.

Por isso é muito altiva e apetecida; -
E o gozo sensual de a ver vencida
Há de ser forte, estranho e singular…

Como o das coisas dignas de castigo;
- Ou dum amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d'um altar.

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