terça-feira, 12 de maio de 2015
Neide Archanjo, "Da morte"
I
Qualquer coisa se foi.
Agora sei que a carne apodrece
e apenas o destino me concede
a coragem de suportar a vida assim.
A falta cresce
perversa
e eu não sou Catarina de Médices
em seus jardins.
II
Não estamos perdidos.
isto é um milagre. Ter um corpo
uma casa um amigo
manter nas veias o sangue aceso
é um milagre. Saber que houve alguém
que nos acariciou
e nos banhou de lágrimas.
Só
no meio da rua
penso nestas dádivas
antes que a lâmina da morte me atravesse.
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