sábado, 23 de maio de 2015
Odylo Costa, filho, "Soneto da esposa"
Porque não cansa o nosso amor, Senhora,
e vive novo, infante entre os infantes,
brincando as invenções pueris do agora
sem as tristezas vesperais de antes?
Por que não envelhece, e cada hora
não deixa rastro - como os navegantes
que se perderam no mar? Por que, embora
machucado de dores ofegantes,
conserva a graça da manhã nascente?
Por que pisa de leve, e só de manso
chora? Por que ri mesmo no poente?
Talvez, quem sabe?, a luz desse remanso
venha das mãos de Deus. Talvez apenas
seja o lado de lá das nossas penas.
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